Por Leonardo M. Brauna
Poucos nomes musicais no
mundo foram capazes de influenciar artistas dos mais diversos segmentos dessa
área. Contido nesse seleto grupo, uma banda de Nova York ocupa um lugar
privilegiado – seu nome, Velvet Underground, formada inicialmente por John Cale
(baixo), Sterling Morrison (guitarra), Angus MacLise (bateria) e Lou Reed
(guitarra e vocal).
O Velvet Underground estava
muito além de sua época e, isso não foi percebido pela indústria fonográfica,
tanto que seu primeiro álbum Velvet
Underground & Nico (1967) só saiu devido ao apoio do artista plástico Andy
Warhol que decidiu investir na banda. A inclusão da cantora alemã Christa
“Nico” Päffgen ao grupo se deve à influência de Warhol e assim que ele se
distanciou, ela foi expulsa. Muitos acreditavam que Andy influenciava nas
composições e na postura dos músicos quando, na verdade, ele apenas os
financiava. O direcionamento já estava definido muito antes dessa parceria e os
temas já estavam em sua maioria compostos, principalmente por Lou Reed.
Lou Reed foi um dos grandes
responsáveis pelo experimentalismo no Rock, suas letras ácidas sempre falando
em desigualdade social, conflitos ideológicos, ocultismo e narcóticos – em
pleno Estados Unidos da década de 60 –, não ajudavam nada ao crescimento da
banda, ligado à complexidade do som só podia ser esperado o fracasso das
vendas, e assim o foi. O ‘debut’ vendeu 30 mil cópias, porém, para o espaço
artístico, ele representa ainda hoje um marco para a cultura musical.
Lewis Allan Reed nasceu no
dia 02 de março de 1942 no Brooklin, Nova York. Vindo de família judia, não
cultivou tal estereótipo, chegando ele mesmo afirmar: “Meu Deus é o Rock ‘n’
Roll. A parte mais importante da minha religião é a minha guitarra.” O seu
interesse pelo Rock ‘n’ Roll partiu do Rhythm and Blues que ouvia ainda garoto
nas rádios. Quando cursava o colegial se envolveu em várias bandas do estilo,
sendo a primeira gravação em um grupo chamado The Jades. Ainda adolescente foi
vítima da ignorância familiar e social que os levaram a um tratamento de choque,
pois acreditavam que isso o curaria de sua bissexualidade. Tal fato é comentado
na letra de Kill Your Sons do álbum Sally Can't Dance de 1974.
Para Reed a construção da
arte sempre foi mais importante que o reconhecimento, nunca existiu pretensões
em sua carreira, e essa postura também veio influenciar diversos artistas por
gerações. Depois de sua saída do Velvet Underground em agosto de 1970, se
retirou da carreira artística e foi trabalhar como datilógrafo na empresa do
pai, mas em 1971 a RCA Records lhe ofereceu um contrato e, em Londres (ING),
lançou o primeiro álbum solo, Lou Reed
(1972). Entre os músicos que participaram do álbum, estavam Steve Howe e Rick
Wackeman (ambos do Yes). Mas foi em novembro do mesmo ano que a carreira de Lou
decolou através de Transformer – um
dos produtores, David Bowie (que já havia assumido influências do Velvet nas
próprias músicas), ficou maravilhado com o resultado e, logicamente, fez o
álbum vingar comercialmente.
O seu quinto álbum de
estúdio, Metal Machine Music (1975),
por muitos, é considerado como um fracasso intencional, uma maneira encontrada
para se desprender da RCA. Lançado como duplo, o trabalho dispõe em mais de uma
hora de ruídos contínuos causados por vibrações das cordas de sua guitarra aproximadas
ao alto-falante de seu amplificador. Nessa época houve correria às lojas para tentar
devolução do LP. Apesar do não entendimento das pessoas, Metal Machine Music possui estrutura musical em diversas
acelerações, contendo até trechos de música clássica. Em seu encarte, Lou diz ser
o criador do Heavy Metal e, seu disco, é o produto final do gênero. Se sua
intenção seria “zoar” com todos, o resultado foi a criação de novos estilos
como a música industrial e outras ligações da arte musical contemporânea.
Em 1980 uma nova fase em sua
vida começa ao lado da esposa Sylvia Morales, a estilista britânica serviu de
inspiração para canções como, Think It
Over do álbum Growing Up In Public
(1980) e Heavenly Arms do álbum The Blue Mask (1982). O relacionamento
durou por mais de dez anos antes do divórcio. Em 1993 o Velvet Underground se
junta para uma turnê europeia, e só não tocou nos Estados Unidos devido a uma
nova briga entre Lou e Cole. Três anos mais tarde estava a banda reunida para a
celebração do “Rock and Roll Hall of Fame”. Em 2000 e 2001, Reed foi indicado
também como artista solo, mas nunca foi empossado. No final da década de 1990,
ele começou uma parceria com a artista Laurie Anderson que rendeu participações
em trabalhos de ambos, finalmente casando-se em abril de 2008.
Admiradores da obra de Lou
Reed, o Metallica convidou-o a fazer um álbum chamado Lulu. Seu lançamento foi em outubro de 2011e essa ideia surgiu após
sua participação na apresentação do Metallica no show de 25 anos do Rock and
Roll of Fame. O projeto foi inspirado nas peças do dramaturgo alemão Frank
Wedekind, onde Reed desenvolveu as letras que ele recita em cima da
instrumental criada pela banda. Em maio de 2013 ele foi submetido a um
transplante de fígado, após a cirurgia até falou sobre estar forte e saudável,
mas lamentavelmente cinco meses após o procedimento cirúrgico, veio a falecer
por deficiência hepática em sua casa na cidade de Nova York, aos 71 anos.
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