E nas últimas semanas de julho e início de agosto ferveu ainda mais. Aconteceram no Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil e no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura os festivais Rock Cordel e Forcaos (além da Mostra Petrúcio Maia, no Estoril), todos na capital cearense. No final de semana seguinte, era a vez da região metropolitana mostrar sua força através da sexta edição do Eusébio Rock Day (que, na verdade, trouxe DOIS dias de muita música à cidade de Eusébio), promovido com o apoio da Secretaria de Cultura e Turismo e da Prefeitura Municipal de Eusébio. Por motivos de saúde, não pudemos estar presentes no Forcaos e Rock Cordel, mas contamos abaixo como foi o Eusébio Rock Day, principalmente seu segundo dia, mais dedicado ao heavy metal e afins.
Mais ou menos semelhante a Osasco, a cidade de Eusébio fica localizada bem perto de Fortaleza. É possível chegar lá através da BR 116 ou pelo bairro de Messejana. Logo ao chegar no Polo de Lazer, local onde aconteceria o show, já ficamos impressionados com a mega estrutura destinada ao evento. Um enorme galpão com capacidade para receber algumas milhares de pessoas. Ao fundo, uma lagoa proporcionava um clima agradável ao local, uma brisa suave (mas é bom lembrar de levar repelente da próxima vez, afinal, uma lagoa é uma lagoa). O palco também tinha boas proporções, com um grande espaço de backstage. Além disso, a sensação de segurança proporcionada pela presença da Guarda Municipal era um plus. Um ônibus também havia sido providenciado pelos próprios headbangers para trazê-los de Fortaleza ao Eusébio, apesar de que a viagem de carro não é muito longa.
O primeiro dia de festival já tinha acontecido, mas não pudemos acompanhar por outros compromissos profissionais. No fim de tarde de sexta-feira, 07 de agosto, a festa começou com as bandas PALCO DE ILUSÕES, IN NO SENSE, LAVAGE, THRUNDA, GLAUCO KING & THE WEST WOLVES e THE GOOD GARDEN. Os relatos dão conta de que perdemos uma parte importante do evento. No entanto, você vai poder acompanhar a partir de agora tudo o que aconteceu no segundo dia do Eusébio Rock Day.
Foto: André Rocha
WARBIFF
A primeira banda no palco no sábado foi a Warbiff com seu thrash metal ultra técnico, fazendo com que, já na segunda música, começassem os moshs, apesar de ainda tímidos. Logo o público começou a tomar conta do espaço, fazendo roda e headbangeando ao som de músicas como "Pigs Parliament" e "La Bestia", todas com solos cheios de feeling, vocais com muita agressividade de Daniel Bifão e cozinha sempre muito presente. Em "Eternal Violence", que vai ser parte do novo CD (ainda a ser lançado), dava pena da bateria, espancada sem dó desde o início.
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
FIST BANGER
Segunda no cast, a FIST BANGER subiu ao palco com uma formação quase completamente nova, mas já foi engatando a quinta e colocando a máquina para sofrer a 200km/h. O guitarrista Márcio Seabra estava estreando, enquanto o baixista Sílvio Arruda fazia seu segundo show com a FB. O outro guitarrista, Ígor Vinícius, já toca com a banda há um ano. Vinny Fist, o vocalista (e, além do baterista Paulo, um dos únicos da formação original), é uma grande figura, saído diretamente de um VHS de uma banda dos anos 80. Além disso, tem boa presença de palco, cantando com agudos impressionantes, abraçando os novos colegas, se jogando no chão...
Foto: André Rocha
No set, sons como "Speed Metal Reaper" e "Invaders of The Thrash". Apesar de algumas paradas, a mistura de speed e thrash fez com que o show parecesse ainda mais rápido do que realmente foi, exaurindo a energia dos bangers.
ARCHARD
Já no início da noite, a ARCHARD (ArcharD) subiu ao palco e conquistou a atenção do público com a voz poderosa de Graça Santtos e os duelos de guitarra de Fred Façanha e Isrhael Araújo em "Between Darkness and Light", além das batidas precisas de Jefté Albuquerque. Era a quarta apresentação da banda de heavy metal forte, sagrado e poderoso (como diz o nome) da vizinha cidade de Aquiraz em edições do Eusébio Rock Day.
Foto: André Rocha
"Now Is The Time" começa com uma intro muito bem trabalhada e foi o ponto alto do show. Apesar do som do baixo estar, digamos, baixo (merecia uma melhor equalização), era uma banda que eu não conhecia, mas deu vontade de correr para o note, acessar sua página e baixar o EP (gratuita e legalmente). Se você também se interessou, acesse o link abaixo.
http://archard.com.br
O que a banda tem obrigação de fazer agora é correr para o estúdio e registrar mais composições num full-length. Ponto.
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
COLDNESS
O riff de teclado de Gabriel Andrade era a deixa para que o heavy metal de luxo da COLDNESS começasse com uma das mais aguardadas apresentações do festival, com melodias marcantes e virtuosismo. Depois de Lenine Matos (vocalista) sobreviver a "The Turnaround Motion", Vicente Ferreira (baterista da IN NO SENSE, substituindo Pasknel Ribeiro, viajando) deixa sua marca. "On A Great Speed", do primeiro álbum ("Existence") recebeu de Lenine (que não estava na banda à época de seu lançamento) a interpretação que merecia.
Foto: André Rocha
O vocalista repetiu a boa presença de palco já vista em outros shows, chegando a arriscar algumas notas no braço da guitarra de Yago ou bater nos pratos de Pasknel (temporariamente sob as baquetas de Vicente) em momentos claramente ensaiados previamente. E apesar da melodia sempre marcante, o som da COLDNESS não deixa de ter muito peso. A suite "Justify Your Existence", com todas as suas nuances, é de emocionar. "Tormented" foi a última de um show que merecia mais (nem que fosse pra tirar o riff grudento da cabeça), um show que teve belos solos de guitarra, outros belos solos de teclado, baixo sempre marcante e Vicente Ferreira mostrando estar sempre muito bem (mesmo quando substituindo um colega).
Foto: Gandhi Guimarães
Fotos: Gandhi Guimarães
Foto: Gandhi Guimarães
Foto: Gandhi Guimarães
Foto: Gandhi Guimarães
Foto: Gandhi Guimarães
Fotos: Gandhi Guimarães
grrrr, grrrr, pow, pow, pronto, cabou.
Mais um entre os mais esperados da noite, o show da SIEGE OF HATE bem que poderia ser descrito assim. Mas, vamos tentar falar dele de uma forma mais "burocrática". Com uma mistura de death metal e grind core, o trio foi buscar no estômago dos bangers toda a brutalidade e energia que havia ali. Explosões em formato de som pesadíssimo, natureza subversiva e um conjunto de bangers moendo a si próprios em moshs violentíssimos. Bruno Gabai (vocalista/guitarrista) exortou a galera curtindo toda unida os diversos estilos do festival, death, thrash, melódico, hardcore ("a galera do doom metal também", pontuou o baixista George Frizzo, em noite especialmente inspirada). A cada pedrada como "Forthcoming Holocaust", "The Walls Built Inside Us" e "Hipocrites" (dedicada aos adoradores das igrejas), o público enlouquecia mais e mais e chegou a dar trabalho abusando dos stage dives.
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
Frizzo estava destruindo tudo no baixo e também fazendo backing vocais, Saulo maltratava a bateria como se ela fosse Cunha, Dilma, Renan e Aécio (cada um uma peça do kit) e bruno impressionava na guitarra e alternando guturais e rasgados. Se aquela sucursal do inferno seria capaz de curar todas as doenças não sei, mas, pelo menos, curou o cansaço.
MORDDOR
Quando a MORDDOR começou a tocar, com som com fortes influências tolkienianas e, talvez até como consequência natural, de BLIND GUARDIAN, o público ainda se recuperava do atropelamento de caminhão que tinha sido o show da S.O.H, mas foram sendo atraídos novamente pelo som com técnica e virtuosismo da banda de casa (a banda também tem origem na cidade de Eusébio). Lincoln Silva, vocalista e guitarrista da banda e principal nome na organização do festival afirmou que o Eusébio Rock Day era um dos maiores festivais do Ceará, somando com ForCaos, somando com Rock Cordel. Estava certo. O festival firma seu nome junto a seus pares. "Beyond The Old Forest" foi um dos pontos altos de seu show, além da homenagem prestada aos seus inquestionáveis mestres, BLIND GUARDIAN, através da cover "Valhalla", que contou com a presença de Marcelo Falcão, da DARK SYDE. Virtuosismo, técnica, feeling a banda tem de sobra. Só o que falta é algo que os faça realmente inconfundíveis.
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
Até mesmo o timbre de voz de Lincoln é igual ao de Hansi Kürsch. O show terminaria com "Shade of The East", mas, com o avançado da hora, os anfitriões deram bom exemplo e fecharam o set com "War of Ages", apesar de alguns protestos ("aaah, não tocaram a melhor"). Ponto para a banda. Ponto para a organização. Ponto para o exemplo.
Foto: Helena Braga
DARK SYDE
Outro grande nome da cena cearense, a DARK SYDE trouxe ao palco o seu lançamento mais recente, o matador "The Apocalipse Bell part II: Legacy of Shadows" (resenha em breve) tocado na íntegra. O thrash com agressividade e velocidade mas também com melodia de faixas como "Legacy of Shadows", "Human Pest Control" e "Megashits on Microminds" inaugurou outra sessão de rodas violentas em meio ao público. Com a habitual presença de palco, tocando lá em cima como se estivesse em meio ao mosh lá embaixo, o guitarrista Tales Groo ainda avisou: "galera, isso aqui foi um chute no pau. Vamos tocar um heavy metal tradicional agora". E mandaram ver em "Escape From The Doom Desert". O festival de riffs continuou com "Domination Undergroud", a homenagem à várias outras bandas da cena da qual o próprio Tales faz parte desde 1985.
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
Ainda tocaram "Braindead" junto com Bruno Gabai, revivendo o INSANITY, cultuada banda pioneira. O show terminou com "Fragments of Time", com solo de baixo e Groo fazendo seu próprio stage dive, para então ser reconduzido ao palco pelo público. Músicas como "Born For War" e "Bubonic" fizeram falta, mas, o show foi realmente especial.
Foto: Victor Rasga
Foto: Victor Rasga
Foto: Victor Rasga
Foto: Gandhi Guimarães
ORÁCULO
A maratona de shows estava chegando ao fim. O público já era até mesmo diferente daqueles que acompanharam o seu início com a WARBIFF, ainda no meio da tarde. E muitos já tinham até mesmo ido embora porque naquela noite, em Fortaleza, também haveria um show de Black Metal com as cearenses MONGE e MALEFICARUM e a paranaense AMEN CORNER. O reduzido número de guerreiros que persistiram no Polo de Lazer do Eusébio ainda foram brindados com o New Wave of British Cearense Heavy Metal da ORÁCULO. Canções longas, solos longos de guitarra e até de baixo e bateria são características do som da banda, formada por Paulo Henrique, Franzé, Vicente, Sula e Robson Alves. São composições que qualquer pessoa que já tenha ouvido falar de uns caras lá da Inglaterra (que atendem pelo nome de IRON MAIDEN) tem obrigação de ouvir. "Secrets" uma das mais marcantes faz um dos guitarristas trocar seu instrumento por um piano. E até mesmo o vocalista/guitarrista Wolney Mendes, da BETRAYAL, que ali era só público, fez questão de, emocionado, subir ao palco e fazer sua participação. Além dele, o show também teve participação de Lincoln Silva em uma das músicas, e Daniel Camelo, guitarrista da STEELFOX, que também engrossou o caldo participando de uma outra canção. E apesar do horário, por não haver mais nenhuma outra banda à espera por sua vez no palco, a ORÁCULO não economizou no set list, incluindo canções como "Shadows", "Ilusions of Time", "Pandora", "Lord of The Seas", "Sounds of Life", "Disciples of Metal" e, obviamente, a faixa que dá nome a banda, "Oráculo", entre outras não listadas aqui.
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
O show recebeu adjetivos como "lindo" e até chegou a ser considerado o melhor do dia por alguns presentes. O som, realmente, foi, com certeza, o mais bem ajustado entre todas as bandas que se apresentaram, principalmente nos graves do baixo. Isso, no entanto, custou caro. A longa demora para dar início ao show e algumas paradas no meio tornaram a experiência, embora boa, ainda mais cansativa. Devido ao horário, aqueles que vieram de ônibus até tiveram que deixar o Polo antes do final do show. A ORÁCULO já tem vinte anos de estrada e tem muito o que ensinar, mas um show mais coeso poderia trazer mais reconhecimento (que é bastante merecido) à sua música.
O saldo final é que atestamos que o festival merece ter data reservada no calendário de todo headbanger de Fortaleza, Eusébio e região metropolitana, tanto pela qualidade de suas atrações quanto pela estrutura e organização. Como sempre há pontos a melhorar, um que deve ser citado (e certamente será revisto) para a já aguardada sétima edição é a quantidade de banheiros químicos disponibilizada, claramente insuficiente para o público que o festival recebeu (o caso é ainda mais notório quando prevemos que o público só tende a aumentar). É fato que estaremos presentes na sétima edição do Eusébio Rock Day em 2016.
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
Foto: André Rocha
Foto: Gandhi Guimarães
Equipe de Organização do Evento
A cena roqueira cearense ferve.
Confira abaixo o vídeo, lançado antes desta edição, contando a trajetória do festival em suas cinco edições anteriores.
Agradecimentos:
Lincoln Silva, pela atenção e credenciamento.
André Rocha, Gandhi Guimarães, Victor Rasga e Helena Braga, pelas imagens que ilustram esta matéria.
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