Dave Evans, primeiro vocalista do AC/DC, não tem uma longa história com a banda. Ele, Malcolm Young, Angus Young, junto com Colin Burgess e Larry Van Kriedt permaneceram juntos como banda por apenas cerca de dois anos. Depois de muitos problemas com Dennis Laughlin, empresário da banda, foi substituído por Bon Scott. Dave gravou o primeiro single do AC/DC, com duas músicas, em 1974, "Can I Sit Next To You Girl" e "Rocking In The Parlour". Depois de sua passagem pela banda australiana, participou da banda RABBIT e THUNDER DOWN UNDER, antes de lançar-se em carreira solo, com dois, um e três full length respectivamente, além de participar de tributos a Bon Scott. O músico está pela primeira vez no Brasil cantando canções de suas ex-bandas, de sua carreira solo (inclusive os sucessos "Sinner" e "Sold My Soul To Rock N' Roll". Tivemos a oportunidade de conversar com ele na tarde de quinta-feira, quando falamos sobre os primórdios do AC/DC, seus planos para o futuro e até sobre uma banda chamada VELVET UNDERGROUND (da Austrália). Confira como foi o papo com Uncle Dave a seguir.
Foto: The Ultimate Music
1. Estamos falando com Dave Evens, auto intitulado "The
King of All Badasses" (O Rei de Todos os Fodões), que vendeu sua alma
para o rock and roll. Ele é o primeiro vocalista de uma banda que todos
amamos, chamada AC/DC. E é uma honra falar com você, Dave? Como você
está?
Dave Evans: Obrigado pela introdução. Eu estou me sentindo fantasticamente bem aqui no Brasil.
2. Ouvi dizer que você foi até a um jogo de futebol. Foi bom?
3.
Eu ia te perguntar o que o público pode esperar deste show, mas, você
já tocou em Curitiba, certo?, e, provavelmente quando publicarmos esta
entrevista você provavelmente já terá tocado em Várzea Paulista. Então,
como você está vendo essa turnê e o que achou dos roqueiros brasileiros.
Dave Evans: Está
sendo fantástico. Já tocamos dois shows. As plateias tem se mostrado
muito excitadas, assim como eu estou muito excitado por estar aqui pela
primeira vez. Eu toco uma mistura do meu rock fodão, como eu o chamo, e
algumas canções do AC/DC antigas e algumas dos grandes clássicos da era
Bon Scott com a banda. Isto faz a toda a excitação, força e energia, as
plateias gostam de rock pra valer, ficam sorrindo e gargalhando e tendo
um tempo fantástico. Eu estou muito contente por finalmente estar aqui
na América do Sul, especialmente aqui no Brazil.
4.
Algum plano de trazer o seu hard rock numa nova turnê por aqui depois
desta, talvez ano que vem, talvez indo para algumas cidades que você não
esteve, como Fortaleza, minha cidade, eu tenho que lembrar?
Dave Evans: Risos.
Eu estou aqui em São Paulo agora. Ano que vem o produtor já falou
comigo para me trazer aqui na América do Sul, não somente para fazer
mais shows no Brasil, mas também para tentar Argentina, Chile, Bolívia,
onde for, com meus Southamerican Badasses (eles são do Brasil). Sim,
estamos fazendo planos para uma turnê maior ano que vem.
5. Vou falar com os produtores locais também.
Dave Evans: Risos. Ok. Risos.
6. AC/DC. Podemos falar sobre isso?
Dave Evans: Sim, claro.
7.
Os outros membros disseram que você se recusou a subir no palco em um
show em 1974, então eles lhe pediram para sair da banda. Você pode nos
dizer (e, provavelmente, de novo porque eu sei que você sempre deve ter
que responder a essa pergunta ou perguntas como essa) o que aconteceu
naquele dia em especial, ou naquele período.
Dave Evans: Ok.
Isto não é verdade. Muitas estórias contadas sobre mim nos livros são
fabricadas. Eu nunca recusei subir ao palco na minha vida. O palco é
minha vida. Quando eu estava em turnê com a banda, já não estavamos nos
dando bem com o manager. Estávamos fazendo três shows por dia às vezes.
Três shows. Na hora do almoço, no começo da noite e tarde da noite. Três
dias. E dia após dia eu já estava ficando puto com o manager. Nós nem
estávamos sendo pagos. E naquele tempo, minha voz sumiu completamente.
Eu não podia falar, quanto mais cantar.Eu esperava que ele suspendessem
os shows até recuperar minha voz, mas o manager não cancelou os shows e
até quis cantar no meu lugar. Ele queria ser o vocalista da banda. Ele
tinha sido cantor anos antes e achou que poderia ter uma chance.
Eu
decidi ficar com a banda até o final da turnê. Nós tínhamos um disco de
sucesso, estava no terceiro lugar nas listas naquela época. Decidindo
ficar com a banda eu pensei que as coisas iriam se ajeitar, o que não
aconteceu porque eu sai da banda.
Mas,
então, naquele tempo ele tentou cantar com a banda e o público ia
embora, porque queriam me ver cantando e queriam receber o dinheiro de
volta.
Então, eu nunca
recusei subir ao palco. Eu nunca poderia fazer isso. Mas eu não podia
cantar e não podia falar. Então, esta estória que corre o mundo é uma
mentira completamente fabricada.
8.
Ok, vamos avisar pras pessoas. O AC/DC regravou "Can I Sit Next To You
Girl" no álbum T.N.T., de 1975 com pequenas mudanças nas letras e até no
título (com uma vírgula extra) e até mudaram o nome de canções que você
cantou com eles mas não chegou a gravar, como "Rock and Roll Singer",
"Soul Stripper." "Still In Love" virou "Love Song," e eu sei que "Show
Business" era chamada originalmente de "Sunset Strip" Isto certamente
lhe deixou chateado, não?
Dave Evans: Sunset
Strip. Sim, está certo. Sabe quando mudaram as letras de "Sunset Strip"
e "Still In Love" me chateou porque eu escrevi essas canções com a
banda e a gente as tocava ao vivo. E as pessoas amavam aquelas canções.
Então, quando eles chegaram com letras novas, com Bon cantando, isso me
chateou porque eu escrevi aquelas canções com a banda primeiro. Com Bon
Scott regravando, fazendo algumas versões das minhas canções originais,
tudo bem, era justo, até porque as multidões amavam aquelas músicas.
Fazer covers era diferente, mas, reescrever minhas letras e chamá-las de
outra coisa. Ninguém gostaria disso. Nenhum de nós.
9. E eles certamente não lhe pagaram os direitos por aquelas canções.
Dave Evans: Não. Não.
10.
Continuando no AC/DC. Angus Young usa aquele uniforme de colégio desde
sempre. Antes disso ele tentou o Homem-Aranha, Zorro, um Gorila, o
Super-Homem, coisas assim. Talvez você ou os outros membros da banda
também tenham pensado nisso, afinal era o tempo do Glam Rock
(felizmente, para mim, eu nasci depois disso). O que você pensava disso
naquela época e o que pensa agora?
Dave
Evans: Bem, originalmente eram jeans e camisetas de outras bandas da
Austrália, mas, quando o disco ia sair, George, o irmão mais velho de
Angus e Malcolm, e também produtor dos nossos discos, queria que
mudássemos para parecer britânicos. Angus e Malcolm, nos ensaios,
pareciam muito jovens. Angus parecia ser mais novo, tinha 19 e parecia
ter 16, usava o uniforme para parecer um garoto saindo da escola,
enquanto Malcolm ia usar uma roupa de mergulho branco de seda, este tipo
de coisa, e o resto de nós que parecêssemos britânicos. Então a gente
parecia no palco com o que acontecia na Inglaterra naquela época. SLADE
minha banda preferida usava calças coladas e botas e era muito popular
no mundo naquele tempo. ROD STEWART jaquetas, caveiras e algumas coisas
assim. Rod Stewart e SLADE inspiraram o meu look e o do baterista, que
usava uma cartola.
Glam
não era uma palavra usada naqueles dias. Esta é uma palavra mais
moderna. Não se chamava glam, era só o look do dia, o normal, na
Inglaterra.
Então
fizemos isso, Angus usava o uniforme, também usava a roupa do Zorro,
mas, depois de algum tempo foi decidido que ele ia ficar com o uniforme.
E deixar todo mundo a vontade.
Depois
que eu deixei a banda ele usou a fantasia de Super-Homem, Homem-Aranha.
Foi assim que aconteceu. O look britânico...E funcionou. Porque todo
mundo na Austrália quando nos viram na TV pensaram que éramos uma banda
inglesa e isso nos ajudou a gravar um disco de sucesso. Quando viam
nosso sotaque, ficavam chocados. Eles pensavam que éramos britânicos,
mas éramos da Austrália.
11.
E você é do País de Gales e se mudou para a Austrália quando criança.
Os Young e Bon Scot tem uma estória parecida. Eles são da Escócia, que
hoje ainda faz parte do Reino Unido...
Dave
Evans: Também tinha o Larry Van Kriedt, o baixista, ele nasceu nos
Estados Unidos. Havia apenas um cara nascido na Austrália, o Colin
Burgess. O resto de nós era nascido no País de Gales, Escócia ou Estados
Unidos.
12. Você teve algum contato com os Young depois daquele tempo?
Dave
Evans: Eles são muito reclusos. Como você sabe, é difícil ter algum
contato com pessoas que preferem ser reclusos. Mas eu tenho tido contato
com o Angus,pelo facebook. Malcolm certamente não faz
parte da banda, ele está permanentemente aposentado, mas eu sou muito
amigo do seu filho Ross, Ross Young. Ele é meu fã. Tem sido sempre. Ele
adora meu rock fodão, ele se considera um fodão, e me chama de Tio Dave.
Nós nos vemos muito. Vamos nos ver em novembro. E ele me contou em
muitas ocasiões que o pai dele disse pra ele que tem muito respeito por
mim. É bom ouvir isso do Ross.
13.
Sim, é bom. Outra coincidência é que você e Malcolm, antes do AC/DC,
participaram de uma banda chamada VELVET UNDERGROUND (não a de LOU
REED)...
Dave Evans: E acabamos abrindo um show do Lou Reed. Esta é outra coincidência.
14.
Embora vocês não tenham se encontrado naquela época, alguma gravação do
Velvet Underground com você ou com o Malcolm podem ver a luz do dia,
para que os fãs pudessem saber como vocês soavam. Eu não achei nada.
Dave
Evans: Não. Malcolm se juntou a banda um pouco, antes que eu entrasse.
Eu também passei pouco tempo com a banda. Não gravamos nenhum single.
Para gravar alguma coisa naquele tempo você tinha que assinar com algum
selo. Só haviam alguns selos.Não havia muitos selos naqueles dias. Se
você assinasse com algum selo, era uma coisa bem grande. Tantas bandas,
tantos shows naqueles dias e haviam poucos selos.
Hoje
todo mundo pode ter um selo. Você pode ter um. Qualquer pessoa. Você
pode gravar no banheiro se quiser e você pode colocar um disco no
CDBaby, mas naquela época, era um grande esforço. Era difícil até ter
uma gravação ao vivo, porque as pessoas não tinham os equipamentos
naquela época.
15.
Sobre George Young, o irmão mais velho dos Young, ele já era famoso com
os EASYBEATS naquela época. Isso, de alguma forma, ajudou o AC/DC a
ganhar espaço na Austrália?
Dave
Evans: George produziu os discos com Harry Vanda. George e Harry já
eram famosos no EASYBEATS. Quando o EASYBEATS acabou, George conseguiu
uma oferta de emprego como gerente do Albert Music. A Albert era uma
companhia antiga de publicações que estava decidindo criar um selo. Ele
chamou o AC/DC pra assinar um contrato. E também Stevie Wright, o
vocalista do EASYBEATS, então em carreira solo. Acho que tivemos
realmente sorte. Isso certamente ajudou ter um irmão mais velho como
gerente de um novo selo.
16.
Última pergunta sobre o AC/DC, eu prometo. Se eles te chamassem pra uma
turnê com eles, talvez como banda de abertura ou cantar "Can I Sit Next
To You" ao vivo ao lado deles, você aceitaria? Podemos sonhar com isso?
Dave
Evans: Claro que sim. Eu faço parte da história da banda. Não
exatamente como ex-membro, mas como parte da família AC/DC. Claro que
seria fantástico. E com algumas das minhas canções também.
17. Eu sempre pergunto pra quem entrevisto, o que você sabe do rock e metal do Brasil? Você escuta alguma banda de nosso país.
Dave Evans: Eu não sabia muito sobre o Brasil antes, pra dizer a verdade. Foi uma surpresa fantástica que eu tive aqui. O Brasil é um país moderno, tão moderno quanto qualquer outro no mundo, vibrante, um lugar fantástico. Estou com uma bagagem cheia de CDs de bandas locais. Espero ter uma chance de escutar quando terminar esta turnê.
18. Depois do EP "Nothing To Prove", algum plano de CD, DVD?
Dave
Evans: Sim, eu acabei de gravar um novo EP com cinco faixas em Dallas,
no Texas, antes de vir aqui. Ele será lançado em alguns meses e se chama
"What About Tomorrow". A mixagem já foi feita e está esperando a arte da capa que está sendo feita por um cara brasileiro, Guilherme Sevens. Ele fez a arte do meu álbum "Sinner", uma arte incrível. Eu fiquei em contato com ele e o chamei para fazer a arte deste novo álbum. Estou muito excitado com o álbum e ele deve sair em alguns meses.
Terminamos a entrevista com Dave Evans deixando uma mensagem para quem conhece o seu trabalho como artista solo, no RABBIT, no AC/DC e para aqueles que ainda precisam conhecê-lo. Mais uma vez Dave enalteceu o Brasil e convidou a todos para os shows restantes da turnê e prometeu retornar ao Brasil em 2015.
Serviço para o show em São Paulo
Local: Gillans Inn English Rock Bar
Rua Marquês de Itu, 284 – Centro
Abertura da Casa: 20h00
Rua Marquês de Itu, 284 – Centro
Abertura da Casa: 20h00
Banda de abertura:
RED HORSE
RED HORSE
Ingressos:
Piso Térreo Palco: R$ 70,00
Piso superior: R$ 50,00
Camarotes térreo e superiores: sob consulta
Piso Térreo Palco: R$ 70,00
Piso superior: R$ 50,00
Camarotes térreo e superiores: sob consulta
Pontos de venda:
Gillans Inn English Rock Bar e Galeria do Rock (Aqualung Records)
Gillans Inn English Rock Bar e Galeria do Rock (Aqualung Records)
Informações: (11) 3129-8710 / 2765-0966 e producao@gillansinn.com.br
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