segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Mad Old Lady: Lançando Power Of Warrior

Eric Philippe

Um disco que carrega o título “Power of Warrior” precisa ser, óbvio, poderoso. O álbum da banda paulistana de heavy metal Mad Old Lady não é só poderoso, é guerreiro, com canções que parecem chamados à batalha. O título do trabalho soa perfeito.


Formada em 2011 pelo músico e vocalista Eduardo Parras, a banda lançou no ano passado o álbum “Viking Soul”, que demonstrava claramente a preocupação dele em exibir um som apurado. Guitarras, baixo e bateria seguiam a mais fina cartilha do metal, mas teclados e outras sonoridades nem sempre associados ao gênero confiavam ao disco uma singularidade cativante.


Essa busca de refinamento sonoro levou este ano a banda a um dos mais importantes estúdios de gravação da Europa, o Jailhouse Studios, na cidade dinamarquesa de Horsens. Quem o comanda é Tommy Hansen. A simples menção desse nome pode deixar arrepiados os fãs do Helloween. Foi Hansen que produziu os principais discos da banda alemã, inclusive os dois volumes de “Keeper of the Seven Keys” (1987-88), verdadeiro tratado do power metal.



A Mad Old Lady quis regravar com Hansen as faixas de “Viking Soul”, usando toda a experiência do produtor e a tecnologia de seu estúdio. Resultou “Power of Warrior”, concebido na mistura de aparelhagem digital de ponta, gravações em disco rígido com o sistema Pro Tools HD3 Accel 96, com o bom e velho gravador de fita de rolo e 24 canais, equipamento consagrado há décadas pelas bandas que hoje são chamadas de classic rock.


O lançamento do álbum celebra a atual formação da banda. Parras tem a seu lado o baterista Guga Bento, o baixista Fernando Giovannetti, o tecladista Rafael Agostino e os guitarristas Tiago de Moura e Timo Kaarkoski, finlandês há tempos no Brasil.


O que se ouve é uma jornada por cenas de combate, orgulho guerreiro e atmosferas de contos medievais nas letras de Parras, em inglês fluente. Emoldurando sua voz grave nas dez músicas do álbum, peças instrumentais se alternam entre faixas mais aceleradas e outras um pouco mais lentas, envolventes.


Mesmo quando a banda se dedica a gravar uma balada, como “My Heart”, Parras segue sua profissão de fé na figura heroica. A letra fala de um guerreiro que se vê sozinho e recorda o gosto dos lábios da amada distante. Com certeza será sempre um dos grandes momentos nos shows da Mad Old Lady.


A música que dá nome ao álbum nasceu com feições de clássico instantâneo. Uma linha melódica delicada acompanha por alguns instantes uma bateria marcial, como um chamado de guerra, seguida por um coral suntuoso. Então as guitarras entram enfurecidas, e a voz de Parras conclama: “Noites feitas para guerrear/ se você acredita em mim/ minha alma está gritando por você/ estou aqui”.


O tom épico está sempre presente, em músicas com introduções que fisgam o fã de metal nos primeiros acordes. “Prison” começa aos poucos, com cada instrumento entrando como uma nova camada sonora, até formar um hino encorpado de metal. “Far Away” abre com uma linha de baixo matadora de Giovannetti, para depois os outros atacarem pesado. E ouvir “Too Blind to See” é sentir como a bateria de Guga Bento parece um cavalo galopando alucinado.


A Mad Old Lady não cai na mesmice de tantas outras bandas pesadas, que usam os teclados apenas para introduzir momentos mais suaves no meio da pauleira. Rafael Agostino sabe muito bem como entrelaçar seus teclados entre os riffs velozes e furiosos de Tiago e Kaarkoski. Jon Lord gostaria de ouvir este disco.


“Power of Warrior” é mais do que a amostra de uma ótima banda pesada. É uma declaração de intenções de um grupo que vem para conquistar seguidores. Como Eduardo Parras canta em “Viking Soul”: “Nós lutaremos o tempo todo, não me pergunte a razão”.


THALES DE MENEZES

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