Fotos: Willkison Sales
Infelizmente no Ceará, contempla-se
uma segregação artística muito grande no que se refere à música autoral e
cover. A situação chega ao cúmulo de existir um festival de Rock (talvez um dos
maiores do Nordeste, pois não é realizado apenas no Ceará) só com bandas covers,
sem falar que também em alguns bares da capital habitualmente oferecem atrações
do mesmo tema a seus clientes. Por outro lado, as casas alugadas para outros
eventos undergrounds, em sua maioria acolhem grupos da cena autoral que são
sempre prestigiados por um público às vezes menor, mas fiel.
Claro que isso não é regra,
e nesse caso jamais o interesse particular das pessoas deve ser contestado por suas
preferências. Para quem – assim como eu – acha isso uma incrível bobagem,
existem ambientes que oferecem as duas modalidades. Em plena Praça da Juventude
em Pacatuba, essas questões conviveram na maior harmonia presenciada por um bom
público. O evento chamado GUITAR-CE fez
comparecer gente de alguns pontos locais como também de cidades vizinhas como
Maracanaú, Itaitinga e Fortaleza. A realização foi de um dos quiosques que
adornam o logradouro que ofereceu a quem estava lá, uma noite “0800”, inclusive
com sorteios de brindes. Opa, espera aí! Como houve sorteios se o evento era
‘open air’ sem cobrança de ingressos? Sim, o dono do estabelecimento distribuiu
uma quantia de senhas a algumas dezenas de clientes que puderam concorrer aos
prêmios.
Já passavam das 18:00h
quando um combo de motociclistas chegava ao local trazendo consigo os integrantes
da banda SOUL IN AGONY. As coisas pareciam bem, mas até ali ninguém sabia ainda
como seria a sequência do ‘set’. Depois de mais demora, finalmente a própria
banda dos motociclistas resolveu abrir a noite às 19h:20min. Os ‘Deathbangers’
que contam com dois EPs lançados, já mantém uma base de seguidores muito próxima
atraída pela música agressiva e simplicidade de seus membros. Dentre os quatro,
é nítido o melhoramento vocal de Rodrigo Psicothrash – e olha que antes já era
um absurdo –, os graves guturais do moço agora parecem mais “tonificados” e os
rasgados mais fortes. Outro ponto forte são os riffs do guitarrista Cassiano Vagner
que atacava com o peso de músicas como ‘Portões
Do Inferno’ e ‘Terror E Destruição’.
Soul In Agony
Depois de muita demora na
passagem de som, o DYNAMITE acerta o equipamento e “manda bala” com seu Hard
Rock guiado pelos drives agudos de John Naza. A banda possui um bom repertório
autoral que fez mais bangers aglomerarem-se na parte frontal entre o palco e as
mesas. A desenvoltura dos músicos, apesar do pouco espaço do palco, é sempre um
item apreciativo, pois a intimidade com as pessoas é ampliada a cada
apresentação. Depois de um recesso de um ano sem tocar o Dynamite mostrou não
apenas o novo baterista, Túlio Riot, mas que a faca continua nos dentes. O que não faltou
também foram os covers que eles sempre fazem em seus shows com nomes como Kiss,
W.A.S.P. e outros monstros. Para essa noite escolheram músicas do Accept (Fast As A Shark) e do AC/DC (Whole Lotta Rosie).
Dynamite
O aviso de que a próxima
banda iria atrasar por problemas de transporte foi meio que um balde de água
fria para a galera que estava ali já com o sangue aquecido. Somado ao atraso do
início do festival e as “difíceis” passagens de som, não restava nada ao
público senão secar as bebidas do bar e ir ao banheiro.
Depois de tudo resolvido o
KHARAVAN inicia sua performance ainda com um bom número de pessoas na praça. O
lugar aberto e cercado de comércio é bastante frequentado por diversos tipos de
pessoas, isso possibilitou de alguém muito sem noção ter chegado com som de
carro em frente ao evento incomodando “uma pequena legião”. Claro que o tal
forrozeiro se sentiu peixe fora d’água e deu no pé rapidinho. Enquanto isso a
banda ia levando o seu compromisso de entreter o povo com muito Heavy Metal.
Por ser um grupo de repertório autoral não muito extenso, talvez pelo pouco
tempo de atividade, o Kharavan complementou-o com covers de suar o colete.
Dividiram espaço com as execuções próprias, canções como ‘Sole Survivor’
(Helloween) e clássicos do Iron Maiden como 'Wrathchild' e 'The Trooper'. Destaque
merecido aos backings do baixista.
Kharavan
O momento agora passou a ser
comandado por uma banda inteiramente cover, a HOLY DIVER que pelo nome já
entrega de quem seja –, sim, do baixinho mais adorado do Heavy Metal que um dia
antes desse evento completaria 73 anos de idade se o “dragão” (nome que dera ao
câncer que sofria) não o tivesse vencido em 2010. Os clássicos escolhidos pela
banda não poderia representar melhor a pessoa de Ronnie James Dio. Os músicos
exibiram categoria impressionante, mas como tudo não é mar de rosas, talvez
coubesse alguns backing vocais, principalmente nas canções da fase Rainbow que são
muito melódicas, fora isso o que os quatro caras fizeram no palco com músicas
como ‘Kill The King’, ‘Children Of The Sea’ e ‘Man On The Silver Mountain’ foi
pra merecer muitos aplausos. O vocalista possui linhas vocais fiéis e os solos
do experiente guitarrista saiam muito honrados – até o começo da bateria de
‘Computer God’ transmitiu o charme da pegada original. Não resta dúvida de que
valeu a pena esperar cada banda e, com certeza, esse último 'set' foi a cereja do bolo representada pela clássica 'Heaven And Hell'.
Um bolo que comemorou e provou que cover e autoral pode sim dividir o mesmo
público.
Holy Diver
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Foi foda!
ResponderExcluirFoi muito massa!!!
ResponderExcluirÓtimo show, Guitar-Ce \M/
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