O guitarrista Øystein
Aarseth foi um jovem norueguês que viveu na cidade de Oslo, capital daquele
país. Durante seus 25 anos de vida, ele conseguiu se transformar em uma das pessoas mais emblemáticas daquela região e da cultura do Metal Extremo como um
todo. Øystein era adepto do Satanismo Teísta que, diferente do apregoado por Anton
LaVey, tem Satan como uma divindade
real, não apenas como símbolo de individualismo. “Eu acredito em um demônio, um
Satanás em pessoa. Em minha opinião todas as outras formas de satanismo são
deboche”, disse em entrevista à revista ‘Kill Yourself!’ dias antes de sua
morte.
Além de praticante de sua crença,
ele também era um estudioso e apoiador de leis totalitárias, sendo que em certo
período de sua vida, foi filiado ao ‘Rød Ungdom’, ala juvenil do ‘Partido
Vermelho da Noruega’. Após dar-se conta de que o grupo era formado por militantes
humanistas, tratou de pular fora, pois isso não condizia com sua ideologia misantrópica.
Admirador de nomes como Joseph Stalin, Pol Pot e Nicolae Ceaușescu, não demorou muito a canalizar uma personalidade similar a desses líderes dentro do movimento
Black Metal, assim como no grupo radical que ele ajudou a criar, o ‘Inner
Circle’.
O livro ‘Lords of Chaos: The
Bloody Rise of the Satanic Metal Underground’, descreve Øystein Aarseth como um
homem “sempre vestido de preto até os cabelos que eram tingidos. Ao falar, parecia
severo em seus tons graves, com pompa às vezes beirando o teatral”. A pesar de
sua posição política definida, Aarseth nunca se preocupou em propagá-la em sua
música. Amigos mais próximos o descrevem de forma contrária da imagem
perpetuada no decorrer desses anos. O baterista KJETIL MANHEIM no documentário ‘Once
Upon a Time in Norway’ o descreve como uma pessoa que teve bom relacionamento
com a família e amigos e era um aluno sempre aplicado na escola, não bebia nem
fumava. Em conformidade às palavras de Manheim, um dos primeiros companheiros
de banda, o vocalista EIRIK “MESSIAH” NORDHEIM em outro trecho do filme, afirma
ter conhecido um lado diferente do músico, o lado “carismático, divertido e até
falastrão, oposto à imagem passada através da mídia.”
O jovem Øystein Aarseth
Em 1984 Øystein adotou o
pseudônimo de “Destructor” e, junto com Manheim e o baixista Jørn “NECROBUTCHER”
Stubberud, formaram o MAYHEM. Atraído por assuntos mitológicos e também
influenciado por uma música da demo ‘Satanic
Rites’ (1983) do HELLHAMMER,
mudou o pseudônimo para EURONYMOUS, reverenciando o demônio da mitologia grega,
Eurynomos. Em 1986 eles lançam o primeiro registro, ‘Pure Fucking Armageddon’ e, no mesmo ano, se juntam a integrantes
da banda alemã ASSASSIN – MARKUS LUDWIG, MICHAEL HOFFMANN e ROBERT GONNELLA, formando
o grupo de Thrash Metal, CHECKER PATROL –, dessa união foi lançada uma demo, ‘Metalion In The Park’ em dezembro. Em 1987 o Mayhem lança o
EP ‘Deathcrush’ –, eles costumavam
passar dias em uma cabana no bosque compondo e ensaiando; em 1988, Per "DEAD" Ohlin chega pra ser vocalista da banda, mas não consegue harmonizar-se
com Euronymous devido a diversas diferenças. Certa vez, DEAD não suportou as
músicas eletrônicas que o guitarrista ouvia constantemente e saiu à noite para
dormir na floresta, no mesmo instante Euronymous foi para fora com uma arma
disparando para todos os lados. No final dos anos 80, Euronymous disposto a
difundir com mais intensidade a música Black Metal em seu país, fundou o
próprio selo ‘Deathlike Silence Productions’ que acabou por se tornar a
primeira gravadora especializada no assunto. Em pouco tempo, bandas da Noruega
como BURZUM e ENSLAVED assinaram com o selo para lançar seus trabalhos, bandas
da Suécia como ABRUPTUM e MERCILESS também passaram a procurá-lo para fins de
lançamento, assim como o SIGH do Japão. Euronymous que não tinha intenção de
agregar grupos não noruegueses acabou cedendo a essas bandas.
Dead e Euronymous
A personalidade do
guitarrista deu origem a várias lendas, e uma delas surgiu no dia 8 de abril de
1991 quando Dead cometeu suicídio cortando os pulsos com uma faca e atirando na própria cabeça com uma
espingarda. Euronymous foi quem encontrou o corpo e, aproveitando a ocasião,
tratou de comprar uma câmera fotográfica para fazer várias fotos do cadáver. Sobre
esse episódio, Necrobutcher contou que recebeu uma ligação de Euronymous no dia
seguinte informando-o do suicídio de maneira bem sádica. “Dead fez uma coisa
muito legal, ele se matou!”, disse ele ao baixista que não entendia porque
aquilo seria legal, então tiveram uma discussão que resultou na saída de
Necrobutcher do Mayhem. Ao final da conversa Euronymous ainda disse: “Relaxe
cara, eu tenho fotos”. A partir dessa época surgiram boatos de que ele teria
pegado algumas partes do crânio esfacelado e guardado consigo. Também surgiu uma
conversa de que ele teria cozinhado e comido partes do cérebro do ex-colega.
Sobre o ato de canibalismo a banda nega que tenha acontecido, mas confirma que
ele passou a utilizar pedaços do crânio humano em um colar. Uma das fotos
virou capa de um ‘bootleg’ ao vivo chamado 'Dawn
Of The Black Hearts' (1995). Dizem também que a faca usada por Dead foi posta pelo próprio Euronymous ao lado do corpo para dar um ar mais chocante à cena.
Em junho de 1991, o guitarrista
abre um novo negócio, a ‘Helvete’, uma loja de discos situada em Oslo onde em
seu porão eram realizadas reuniões com vários músicos da Noruega incluindo
membros do Mayhem, EMPEROR, THORN e VARG VIKERNES, criador do Burzum.
Frequentador assíduo da loja, Vikernes conquistou a confiança de Euronymous e
este o chamou para ser baixista do Mayhem e ainda se dispôs em lançar o álbum do
Burzum pela Deathlike Silence. Com o passar do tempo essa amizade foi virando
uma espécie de rivalidade entre os dois. BÅRD FAUST, baterista do Emperor e, na
época funcionário da loja, comentou sobre isso: “Parecia bobo, mas eu acho que
havia uma disputa entre eles para definir quem seria mau mais que o outro, mas
eu via muita fumaça e nenhum incêndio”, no dia 10 de agosto de 1993, Varg foi
ao apartamento de Euronymous onde discutiram feio até acabar na morte do líder
do Mayhem que foi esfaqueado 23 vezes por Varg. Os golpes atingiram a cabeça,
pescoço e costas do músico. No site do Burzum, Vikernes confessa o crime: “Foi
interessante ver como algumas pessoas sentiram a necessidade de inventar
histórias sobre o motivo que me levou a matar Euronymous. Agora o triste é ver
essas pessoas criarem uma verdade conveniente pra elas sobre o fato”. O réu foi
condenado a 21 anos de prisão por esse crime e por incendiar igrejas cristãs.
Cumpriu 16 anos em regime fechado e ganhou a liberdade condicional em 2009. O
‘debut’ do Mayhem, 'De Mysteriis Dom
Sathanas' foi lançado em 24 de maio de 1994 com Vikernes creditado no baixo
mesmo sem o apoio da família de Euronymous.
Varg Vikernes e Euronymous
*Nos acompanhe através das redes
Youtube
SoundCloud
Nenhum comentário:
Postar um comentário