sábado, 5 de julho de 2014

RESENHA DE SHOW: "Terremoto" underground na chácara

UNION METAL FEST II
Chácara da Dorinha – Maracanaú (CE)
25 de maio de 2014
Por Leonardo M. Brauna / Fotos: André Rocha

A união do underground cearense impressiona em vários fatores, um deles é a realização de shows com bandas de estilos distintos num mesmo evento. O “Union Metal Fest” pensa nisso como maneira de fortalecimento do cenário. A realização de 2014 brindou o público de Maracanaú, Fortaleza e cidades vizinhas com revelações e nomes já alavancados ao cenário nacional. 

Primeiramente subiu a banda de Hard/Heavy, Intrusor – essa banda é candidata a uma carreira promissora, começando pelo talento da vocalista Manu Volkova, dona de um belo alcance vocal. O quinteto também se destaca pelo baixista Mayllon Costa (músico que toca bem e aproveita os espaços em palco). Eles trabalharam em cima da demo Born From Ashes que traz composições como Medusa, executada com riffs de Zózimo Junior, guitarrista que fez sua última apresentação com o grupo neste evento. O que também chama atenção é a técnica de Yago Sampaio e seus solos divinamente encaixados. 



Para dar continuidade, a banda de Maracanaú, Scariotz, mostra um pouco de seu Power Metal. Os caras que lançaram o trabalho de estúdio intitulado The Hidden Truth, divulgam agora o ‘single’ I Am An Eagle. O vocalista Wellington Oliveira possui uma voz que lembra a de astros como Bruce Dickinson do Iron Maiden e Michael Kiske do Helloween, mas os riffs da dupla Rodrigo Araújo e Tiago Almeida favorecem à banda uma identidade peculiar, assim, execuções como Scariotz e Die mostram o fio condutor desse diferencial. O set cedeu espaço também à Speed Of Light do Estratovarius e, na música Wish, participou a cantora Daiane Mesquita. 



O festival, agora chama o Metal extremo com bandas da capital cearense. Betrayal dos irmãos Wolney Mendes (guitarra e vocal) e Franzé Mendes (guitarra), manda "bala" nos PAs. Wolney convida a galera e comanda os riffs, mas é o baixista Fabiano “Vassoura” quem fala a maior parte do recado. Temas do EP Human Destruction, como a autointitulada que teve participação de Jardel “Stick” (Fist Banger, Agressive) e 1964, foram tocadas junto a outras como Thrash Aggression e Destroying In The Mosh Pit. Covers também foram levados, primeiro o de Caçador Da Noite de Dorsal Atlântica, depois Ridiculous Dignity do SOH com participação de Bruno Gabai e grande performance do batera Sula (Criokar e Oráculo). 



A brutalidade eleva-se mais com a sessão promovida pelo Siege Of Hate (SOH), banda surgida das entranhas do Insanity e Obskure em 1997. Hoje tem como integrantes, George Frizzo (baixo), Bruno Gabai (guitarra e vocal) e Saulo Oliveira (bateria). O SOH é uma das mais importantes bandas do Death/Grind brasileiro e vieram mostrar para o seu público o que eles levaram para a Europa em sua última turnê. Gabai não tem mais a companhia de um segundo vocal, mas ao vivo até que não há diferença. Guturais e rasgados são dominados perfeitamente. Canções antigas como Subversive By Nature do álbum homônimo de 2003, e outras mais recentes como Grinding Ages e Catharsis, confundia a visão de quem tentasse acompanhar o movimento dos braços do baterista. Em execuções como The World I Never Knew (para muitos a melhor do álbum de 2013, Animalism) quem comandava a surra era o baixo de Frizzo. 



A selvageria seguiu com Clamus, trio inovador que canta em três idiomas (inglês, francês e português) usando dois vocais: Lucas Gurgel (guitarra) e Felipe Ferreira (baixo). A banda é completada pelo novo baterista Edu Lino e, com essa formação, o grupo apresenta um formato mais focado no “Death Metal”, apesar dos trabalhos anteriores apresentarem muita técnica de Thrash associada. Eles estão colhendo frutos do EP III, lançado em março e que antecede o seu terceiro ‘full length’ já em pré-produção. Neste set os músicos mesclaram músicas de toda a carreira como, La frontière do álbum Frontière de2009 e The Simple Complex do mais antigo de 2005, Influences. O equilíbrio gutural entre os dois vocalistas é algo a ser notado, não existe um mais grave ou mais rasgado, eles vagueiam livremente entre os dois estilos. Como essa foi a penúltima apresentação antes de entrarem em estúdio, eles deixaram uma prévia do que vem por aí com uma canção inédita (ainda sem nome), assim como Nitro Blast e Inconstancy do promo citado, III.



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